RECURSOS E
ESTRATÉGIAS DE BAIXA TECNOLOGIA
Desde o momento em que o
ser humano diz suas primeiras palavras, a linguagem facilita o
encontro de desejos, necessidades, interação social, acesso às
informações e conhecimento sobre o complexo mundo em que vive.
Existem várias razões pelas quais as habilidades linguísticas de
um sujeito podem estar inadequadas: um acidente, uma doença ou um
problema em seu desenvolvimento. Qualquer que seja a causa, a
situação é sempre muito frustrante e limitante, tanto para o
sujeito quanto para as pessoas ao seu redor. Sabemos que a
comunicação é o agente de ligação entre ideias, sensações e o
meio, permitindo uma melhor interação entre os sujeitos, bem como
uma mudança constante em nossa aprendizagem, pelas trocas que nos
proporciona.
(Carolina
R. Schirmer e Rita Bersch)
As estratégias e recursos de baixa
tecnologia têm como objetivo apoiar os alunos em seu desenvolvimento
como habilidades de comunicação e na sua interação social. Os
mesmos podem ser usados em sala
de aula, AEE, Biblioteca ou ainda sala de informática.
Alguns desses recursos são os meios
de Comunicação Aumentativa e Alternativa – CAA, que é
uma das áreas da TA que atende pessoas sem fala ou escrita funcional
ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade
em falar e/ou escrever. Busca, então, através da valorização de
todas as formas expressivas do sujeito e da construção de recursos
próprios desta metodologia, construir e ampliar sua via de expressão
e compreensão.
A CAA destina-se a sujeitos de todas
as idades, que não possuem fala e ou escrita funcional devido a
disfunções variadas como, por exemplo: paralisia cerebral,
deficiência mental, autismo, acidente vascular cerebral, traumatismo
cranioencefálico, traumatismo raquiomedular, doenças neuromotoras
(como, por exemplo, à esclerose lateral amiotrófica), apraxia oral
e outros (TETZCHNER e MARTINSEN,1992, p. 23).
São exemplos de recursos de baixa
tecnologia:
• Objetos reais: o aluno poderá
fazer escolhas “apontando” para objetos reais, como a roupa que
deseja vestir, o material escolar que deseja utilizar, o alimento que
escolherá ou o produto que deseja comprar na prateleira do
supermercado.
• Miniaturas: são utilizadas com
alunos que apresentam dificuldade de reconhecer e significar símbolos
gráficos e também com alunos cegos ou com baixa visão, onde os
relevos das miniaturas os auxiliam a reconhecer o objeto e assim
confirmar a mensagem que desejam expressar. As miniaturas podem ser
apresentadas uma a uma ou em grupos organizados em pranchas de
comunicação.
• Objetos parciais: utilizados em
situações onde os objetos a serem representados são muito grandes.
Nestes casos, a utilização de parte do objeto pode ser muito
apropriada. Por exemplo, usar um mouse ou um CD para representar o
computador ou um controle remoto para dizer que quer assistir à
televisão.
• Fotografias: podem ser utilizadas
para representar objetos, pessoas, ações, lugares, sentimentos ou
atividades.
Podemos também criar pranchas de
comunicação com fotografias recortadas de revistas e com rótulos
de produtos.
Pranchas de Comunicação
Numa prancha de comunicação são
colocados vários símbolos gráficos que representam mensagens. O
vocabulário de símbolos deverá ser escolhido de acordo com as
necessidades comunicativas de seu usuário e, portanto, as pranchas
são personalizadas.
A prancha de comunicação apresenta
a vantagem de expor vários símbolos ao mesmo o tempo. Uma forma
muito comum de organizar este recurso é chamada de técnica por
subdivisão e níveis10. Cada prancha deve ser feita do tamanho e
formato necessários e na confecção, são utilizados materiais
variados como folhas de papel, cartolina, isopor, madeira.
Uma prancha pode ser feita a partir de
uma página de álbum fotográfico ou pasta com sacos plásticos.
Além das pranchas personalizadas (prancha de comunicação pessoal)
existem outras para múltiplos usuários (ambientes escolares, turma,
biblioteca, que acompanha um livro ou jogo). Essas pranchas
possibilitam um ambiente rico em símbolos para todos que estão no
local e podem ser utilizadas por mais de um usuário de CAA.
• Símbolos gráficos: há uma série
de bibliotecas de símbolos gráficos que foram desenvolvidos para
facilitar a comunicação e que com eles são construídas as
pranchas e cartões de comunicação.
Mesa com símbolos
É muito prático colocarmos símbolos
sobre a mesa da cadeira de rodas ou da sala de aula. Esta prancha
fixa é normalmente plastificada com papel Contact, que protege e
impermeabiliza os símbolos, liberando o uso da mesa para outras
finalidades (alimentação, escrita, pintura).
- Avental –
Um avental confeccionado em tecido
que facilita a fixação de símbolos ou letras com velcro, que é
utilizado pelo parceiro. No seu avental o parceiro de comunicação
prende as letras ou as palavras e a criança responde através do
olhar. Este acessório
proporciona a vantagem da mobilidade dos símbolos. Geralmente são
os professores, os pais ou os auxiliares (cuidadores) que usam o
avental e se posicionam na frente do aluno, para que ele sinalize o
símbolo que deseja comunicar.
Pastas de comunicação:
Uma forma bastante comum de dispor o
vocabulário de símbolos gráficos, fotos ou letras são os
cadernos, pastas com sacos plásticos ou álbuns de fotografia. Neste
formato, a primeira página geralmente equivale a uma prancha
principal e as seguintes são temáticas ou em subníveis.
Porta documentos/cartões
São excelentes para momentos em que
se quer primar pela portabilidade. São facilmente transportados em
situações como em uma aula de educação física ou no intervalo da
escola, para comprar um lanche etc.
Álbum de fotografias
Pode ser utilizado na introdução da
CAA quando o usuário está aprendendo novos símbolos. Para isso,
organizamos as fotografias do aluno, sua família, os lugares que
frequentam e ao lado de cada foto colamos os símbolos
representativos do que a imagem mostra. Podemos fazer um álbum que
mostre todos os espaços da escola, acompanhados por símbolos
correspondentes.
Agendas e calendários
São excelentes para uso em sala de
aula e estimulam a organização espacial e temporal dos alunos. Essa
atividade, que utiliza com toda a turma os símbolos da CAA, pode se
tornar um instrumento importante para a socialização de informações
do aluno usuário de CAA e seus colegas.
Outros acessórios:
a criatividade não tem limite e podemos criar vários acessórios
com objetivo de organizar e disponibilizar vocabulário de símbolos
gráficos ao aluno. Seguem alguns exemplos:
Quadro de feltro para fixar os
cartões
Jogo americano com símbolos, para
a hora do lanche.
Imã de geladeira com símbolos
representativos de alimentos.
Organizador de símbolos para sala
de aula.
Livros construídos com simbologia
da CAA:
Os alunos constroem livros com temas
de seus interesses e ordenam os símbolos para contar suas histórias.
Versos, cantigas, pesquisas, criação e recontagem de histórias
infantis são alguns dos temas utilizados. Esta é mais uma atividade
que poderá envolver todos os alunos e colaborará para a compreensão
da escrita através da ordenação dos símbolos gráficos, além de
trazer novo vocabulário ao aluno usuário da CAA.
Livros adaptados com a simbologia
da CAA:
Colamos nos livros de histórias os
símbolos da CAA que correspondem ao texto escrito. Isso facilita a
habilidade e competência na leitura, além de trazer novo
vocabulário simbólico ao aluno. Acompanhando cada livro podemos
criar pranchas de CAA temáticas para que o aluno reconte ou
interprete o que leu.
Existem ainda diversas atividades que
podem ser feitas com o uso da CAA. Quem desejar conhecer mais leia o
livro “Deficiência Física” da coleção “Atendimento
Educacional Especializado” das autoras “Carolina R. Schirmer
Nádia Browning Rita Bersch Rosângela Machado”.
Todas essas atividades eu as considero
muito importante, pois o professor do AEE deve conhecer diferentes
formas de atividades para assim poder ajudar da melhor forma no
desenvolvimento de seu aluno; e uma das intervenções que o
professor do AEE deve fazer para efetivar esse desenvolvimento é
ensinar as estratégias de utilização destes recursos para o aluno,
seu professor da sala regular, para os colegas, comunidade escolar e
família, pois todos são parceiros importantes que podem garantir o
bom desempenho do aluno, especialmente aquele que apresenta
dificuldade na comunicação, que é uma das principais formas de
interação. Dar oportunidade para que a pessoa expresse seus desejos
e sentimentos é uma das primeiras atitudes para construção de uma
sociedade inclusiva.
REFERENCIAS
SCHIRMER, Carolina R.;
BROWNING, Nádia; BERSCH, Rita;
MACHADO, Rosângela. Deficiência Física: coleção
“Atendimento Educacional Especializado”. SEESP / SEED / MEC,
Brasília/DF – 2007.
Maria, parabéns pela a sua postagem sempre cheias de informações e com muita clareza.
ResponderExcluirMuitos são os recursos de alta e baixa tecnologia que funcionam como ferramentas ou recursos pedagógicos que podemos usufruir para favorecermos os aspectos da comunicação, interação e comportamento para a superação das barreiras que interferem na aprendizagem de nossos alunos com TEA, ao compartilharmos essas possibilidades contribuímos de forma valorosa para o conhecimento e a socialização do que podemos realizar em nosso trabalho como professores de AEE e pesquisadores. Por isso, parabéns pela variedade de atividades e espero que você continue ampliando e socializando essas possibilidades no seu blog.
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