quarta-feira, 28 de maio de 2014

RECURSOS E ESTRATÉGIAS DE BAIXA TECNOLOGIA

RECURSOS E ESTRATÉGIAS DE BAIXA TECNOLOGIA
Desde o momento em que o ser humano diz suas primeiras palavras, a linguagem facilita o encontro de desejos, necessidades, interação social, acesso às informações e conhecimento sobre o complexo mundo em que vive. Existem várias razões pelas quais as habilidades linguísticas de um sujeito podem estar inadequadas: um acidente, uma doença ou um problema em seu desenvolvimento. Qualquer que seja a causa, a situação é sempre muito frustrante e limitante, tanto para o sujeito quanto para as pessoas ao seu redor. Sabemos que a comunicação é o agente de ligação entre ideias, sensações e o meio, permitindo uma melhor interação entre os sujeitos, bem como uma mudança constante em nossa aprendizagem, pelas trocas que nos proporciona.
(Carolina R. Schirmer e Rita Bersch)
As estratégias e recursos de baixa tecnologia têm como objetivo apoiar os alunos em seu desenvolvimento como habilidades de comunicação e na sua interação social. Os mesmos podem ser usados em sala de aula, AEE, Biblioteca ou ainda sala de informática.
Alguns desses recursos são os meios de Comunicação Aumentativa e Alternativa – CAA, que é uma das áreas da TA que atende pessoas sem fala ou escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade em falar e/ou escrever. Busca, então, através da valorização de todas as formas expressivas do sujeito e da construção de recursos próprios desta metodologia, construir e ampliar sua via de expressão e compreensão.
A CAA destina-se a sujeitos de todas as idades, que não possuem fala e ou escrita funcional devido a disfunções variadas como, por exemplo: paralisia cerebral, deficiência mental, autismo, acidente vascular cerebral, traumatismo cranioencefálico, traumatismo raquiomedular, doenças neuromotoras (como, por exemplo, à esclerose lateral amiotrófica), apraxia oral e outros (TETZCHNER e MARTINSEN,1992, p. 23).
São exemplos de recursos de baixa tecnologia:
Objetos reais: o aluno poderá fazer escolhas “apontando” para objetos reais, como a roupa que deseja vestir, o material escolar que deseja utilizar, o alimento que escolherá ou o produto que deseja comprar na prateleira do supermercado.
Miniaturas: são utilizadas com alunos que apresentam dificuldade de reconhecer e significar símbolos gráficos e também com alunos cegos ou com baixa visão, onde os relevos das miniaturas os auxiliam a reconhecer o objeto e assim confirmar a mensagem que desejam expressar. As miniaturas podem ser apresentadas uma a uma ou em grupos organizados em pranchas de comunicação.
Objetos parciais: utilizados em situações onde os objetos a serem representados são muito grandes. Nestes casos, a utilização de parte do objeto pode ser muito apropriada. Por exemplo, usar um mouse ou um CD para representar o computador ou um controle remoto para dizer que quer assistir à televisão.
Fotografias: podem ser utilizadas para representar objetos, pessoas, ações, lugares, sentimentos ou atividades.
Podemos também criar pranchas de comunicação com fotografias recortadas de revistas e com rótulos de produtos.
Pranchas de Comunicação

Numa prancha de comunicação são colocados vários símbolos gráficos que representam mensagens. O vocabulário de símbolos deverá ser escolhido de acordo com as necessidades comunicativas de seu usuário e, portanto, as pranchas são personalizadas.
A prancha de comunicação apresenta a vantagem de expor vários símbolos ao mesmo o tempo. Uma forma muito comum de organizar este recurso é chamada de técnica por subdivisão e níveis10. Cada prancha deve ser feita do tamanho e formato necessários e na confecção, são utilizados materiais variados como folhas de papel, cartolina, isopor, madeira.
Uma prancha pode ser feita a partir de uma página de álbum fotográfico ou pasta com sacos plásticos. Além das pranchas personalizadas (prancha de comunicação pessoal) existem outras para múltiplos usuários (ambientes escolares, turma, biblioteca, que acompanha um livro ou jogo). Essas pranchas possibilitam um ambiente rico em símbolos para todos que estão no local e podem ser utilizadas por mais de um usuário de CAA.
Símbolos gráficos: há uma série de bibliotecas de símbolos gráficos que foram desenvolvidos para facilitar a comunicação e que com eles são construídas as pranchas e cartões de comunicação.
Mesa com símbolos

É muito prático colocarmos símbolos sobre a mesa da cadeira de rodas ou da sala de aula. Esta prancha fixa é normalmente plastificada com papel Contact, que protege e impermeabiliza os símbolos, liberando o uso da mesa para outras finalidades (alimentação, escrita, pintura).


  • Avental

Um avental confeccionado em tecido que facilita a fixação de símbolos ou letras com velcro, que é utilizado pelo parceiro. No seu avental o parceiro de comunicação prende as letras ou as palavras e a criança responde através do olhar. Este acessório proporciona a vantagem da mobilidade dos símbolos. Geralmente são os professores, os pais ou os auxiliares (cuidadores) que usam o avental e se posicionam na frente do aluno, para que ele sinalize o símbolo que deseja comunicar.
Pastas de comunicação:
Uma forma bastante comum de dispor o vocabulário de símbolos gráficos, fotos ou letras são os cadernos, pastas com sacos plásticos ou álbuns de fotografia. Neste formato, a primeira página geralmente equivale a uma prancha principal e as seguintes são temáticas ou em subníveis.
Porta documentos/cartões
São excelentes para momentos em que se quer primar pela portabilidade. São facilmente transportados em situações como em uma aula de educação física ou no intervalo da escola, para comprar um lanche etc.
Álbum de fotografias


Pode ser utilizado na introdução da CAA quando o usuário está aprendendo novos símbolos. Para isso, organizamos as fotografias do aluno, sua família, os lugares que frequentam e ao lado de cada foto colamos os símbolos representativos do que a imagem mostra. Podemos fazer um álbum que mostre todos os espaços da escola, acompanhados por símbolos correspondentes.
Agendas e calendários
São excelentes para uso em sala de aula e estimulam a organização espacial e temporal dos alunos. Essa atividade, que utiliza com toda a turma os símbolos da CAA, pode se tornar um instrumento importante para a socialização de informações do aluno usuário de CAA e seus colegas.
Outros acessórios: a criatividade não tem limite e podemos criar vários acessórios com objetivo de organizar e disponibilizar vocabulário de símbolos gráficos ao aluno. Seguem alguns exemplos:
Quadro de feltro para fixar os cartões

Jogo americano com símbolos, para a hora do lanche.

Imã de geladeira com símbolos representativos de alimentos.

Organizador de símbolos para sala de aula.

Livros construídos com simbologia da CAA:
Os alunos constroem livros com temas de seus interesses e ordenam os símbolos para contar suas histórias. Versos, cantigas, pesquisas, criação e recontagem de histórias infantis são alguns dos temas utilizados. Esta é mais uma atividade que poderá envolver todos os alunos e colaborará para a compreensão da escrita através da ordenação dos símbolos gráficos, além de trazer novo vocabulário ao aluno usuário da CAA.
Livros adaptados com a simbologia da CAA:
Colamos nos livros de histórias os símbolos da CAA que correspondem ao texto escrito. Isso facilita a habilidade e competência na leitura, além de trazer novo vocabulário simbólico ao aluno. Acompanhando cada livro podemos criar pranchas de CAA temáticas para que o aluno reconte ou interprete o que leu.
Existem ainda diversas atividades que podem ser feitas com o uso da CAA. Quem desejar conhecer mais leia o livro “Deficiência Física” da coleção “Atendimento Educacional Especializado” das autoras “Carolina R. Schirmer Nádia Browning Rita Bersch Rosângela Machado”.
Todas essas atividades eu as considero muito importante, pois o professor do AEE deve conhecer diferentes formas de atividades para assim poder ajudar da melhor forma no desenvolvimento de seu aluno; e uma das intervenções que o professor do AEE deve fazer para efetivar esse desenvolvimento é ensinar as estratégias de utilização destes recursos para o aluno, seu professor da sala regular, para os colegas, comunidade escolar e família, pois todos são parceiros importantes que podem garantir o bom desempenho do aluno, especialmente aquele que apresenta dificuldade na comunicação, que é uma das principais formas de interação. Dar oportunidade para que a pessoa expresse seus desejos e sentimentos é uma das primeiras atitudes para construção de uma sociedade inclusiva.


REFERENCIAS
SCHIRMER, Carolina R.; BROWNING, Nádia; BERSCH, Rita; MACHADO, Rosângela. Deficiência Física: coleção “Atendimento Educacional Especializado”. SEESP / SEED / MEC, Brasília/DF – 2007.





2 comentários:

  1. Maria, parabéns pela a sua postagem sempre cheias de informações e com muita clareza.

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  2. Muitos são os recursos de alta e baixa tecnologia que funcionam como ferramentas ou recursos pedagógicos que podemos usufruir para favorecermos os aspectos da comunicação, interação e comportamento para a superação das barreiras que interferem na aprendizagem de nossos alunos com TEA, ao compartilharmos essas possibilidades contribuímos de forma valorosa para o conhecimento e a socialização do que podemos realizar em nosso trabalho como professores de AEE e pesquisadores. Por isso, parabéns pela variedade de atividades e espero que você continue ampliando e socializando essas possibilidades no seu blog.

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