domingo, 20 de abril de 2014

SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

DIFERENÇA ENTRE SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

A surdocegueira é uma deficiência única em que o indivíduo apresenta ao mesmo tempo perda da visão e da audição, em diferentes graus.

“O termo deficiência múltipla tem sido utilizado, com frequência, para caracterizar o conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social. No entanto, não é o somatório dessas alterações que caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas”. (MEC, SEESP, Educação Infantil: Saberes e práticas da inclusão; 4, 2003, p. 11 ).

CARACTERÍSTICAS:

1 Surdocegueira total: são indivíduos que possuem pardas auditivas severas ou profundas e cegueira;
2. Surdez profunda com resíduo visual: são indivíduos que possuem surdez profunda ou severa com resíduo visual;
3 Surdez moderada ou leve com cegueira: São os que possuem surdez moderada ou leve cegueira;
4. Surdez moderada com resíduo visual: são os possuem surdez moderada com resíduo visual;
5. Perdas leve, tanto auditiva como visual: são os que possuem surdez leves e resíduos visuais.

·         Classificação pela época da aquisição de acordo com a (ONCE):
1.    Surdocego pré-linguístico: é aquele que adquiriu a deficiência no período de desenvolvimento anterior á aquisição da linguagem;
1.1.               Surdocegueira congênita: quando a criança nasce surdocega ou adquire a surdocegueira nos primeiros anos de vida antes da aquisição de uma língua (português ou Libras – Língua Brasileira de Sinais). Um exemplo mais frequente destes casos é a criança com sequelas da síndrome da rubéola congênita.
1.2.                Surdocegueira adquirida: quando a pessoa ficou surdocega após a aquisição de uma língua, seja oral ou sinalizada (português ou Libras). Os exemplos mais frequentes deste grupo são pessoas com Síndrome de Usher.

São consideradas pessoas com deficiência múltipla sensorial-visual (MDVI), quando há a Deficiência Visual (baixa visão ou cegueira) associada a uma ou mais deficiências (intelectual, física/ motora) ou a transtornos globais do desenvolvimento e distúrbios de comunicação e que necessita de programas que favoreçam o desenvolvimento das habilidades funcionais dessas pessoas, visando ao máximo de sua independência e uma comunicação eficiente. (MAIA et al, 2008, p.14)

 São consideradas pessoas com deficiência múltipla sensorial-auditiva (MDHI) quando há deficiência auditiva/surdez associada à deficiência intelectual ou a deficiência físico-motora ou a ambas, ou a

Transtornos Globais do Desenvolvimento. (MAIA et al, 2008, p.14).

NECESSIDADES BÁSICAS DESSES ALUNOS

Ø  NECESSIDADES COGNITIVAS:
Iniciar as instruções com atividades das mais
simples para as mais complexas.
• Dividir as instruções em etapas.
• Partir do concreto para o abstrato.
• Respeitar o ritmo de aprendizagem.
• Repetir as instruções/atividades em situações variadas, de forma diversificada
• Explicar o que poderá acontecer em situações novas, como por exemplo, no inicio da aula de educação física, as regras de um jogo novo.
• Dar suporte e orientação aos que cuidam da pessoa com deficiência.
Ø  Surdocegueira Adquirida:
1. Aprender a usar os canais sensoriais remanescentes para receber informações sensoriais.
2. Aprender de maneira tátil atividades que sabia fazer.
Ø  Surdocegueira Congênita:
1. Aprender a usar os canais sensoriais remanescentes para receber informações sensoriais.
2. Aprender pelo tato para desenvolver conceitos e linguagem- cognição tátil.
Ø  NECESSIDADES MOTORAS
Desenvolvimento do esquema corporal, buscando sua verticalidade, equilíbrio postural, articulação e harmonização de seus movimentos, autonomia em deslocamento e movimentos, aperfeiçoamento das coordenações viso motora global e fina e o desenvolvimento d força muscular.
As pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla, que não apresentam graves problemas motores, precisam aprender a usar as duas mãos. Isso para servir como tentativa de minorar as eventuais estereotipias motoras e pela necessidade do uso de ambas para o desenvolvimento de um sistema estruturado de comunicação.
Devido às dificuldades fonoarticulatórias, motoras ou mesmo neurológicas, é comum nessas pessoas algum tipo de limitação na comunicação e no processamento e elaboração das informações recolhidas do seu entorno. Isso pode resultar em prejuízos no processo de simbolização das experiências vividas, por acarretar carência de sentido para as mesmas.
Prioritariamente deve-se, portanto, disponibilizar recursos para favorecer a aquisição
da linguagem estruturada no registro simbólico, tanto verbal quanto em outros registros,
Ø  NECESSIDADES VISUAIS
Funcionamento Visual referentes à estrutura:  Acuidade;  Campo visual  Recepção de luz e cor; Motilidade;  Funções Cerebrais.
Referentes ao ambiente: Cor; Contraste; Tempo; Espaço; Iluminação.
Ø  NECESSIDADES AUDITIVAS
Instrutor Mediador; Guia-intérprete, Recursos para Comunicação; Aparelho de Amplificação Sonora sistema FM para pessoas com surdocegueira adquirida.
ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PARA AQUISIÇÃO DE COMUNICAÇÃO
A comunicação acontece nas interações sociais e envolve a comunicação receptiva e expressiva. A comunicação envolve a transmissão de informação entre dois ou mais indivíduos e pode realizar-se por meio do uso de formas de comunicação simbólicas ou não simbólicas.
Usar uma forma de comunicação combinada com a fala ajuda a desenvolver o entendimento do surdocego permitindo uma base para desenvolver a expressão. Ao organizar atividades de linguagem que permitem uma pessoa começar a se comunicar, temos que levar em consideração as condições de: comunicação, interação e aspecto cognitivo, pois ao oferecermos diferentes formas de comunicação ao mesmo tempo, poderá levar ao fracasso.
Portanto devemos: criar oportunidades para a criança poder comunicar na rotina; aceitar e reforçar os atos comunicativos usados pela criança; observar a forma, a função e as intenções comunicativas dos comportamentos comunicativos e descrevê-las cuidadosamente; além de observar se há consistência na comunicação nas expressões naturais.
Segundo o livro “Dificuldades Acentuadas de Aprendizagem Deficiência Múltiplas p.42” Crianças com severas alterações neuromotoras e sensoriais poderão se beneficiar desde cedo de instrumentos eletrônicos facilitadores do processo de comunicação, avaliação, interação social, linguagem gráfica e aprendizagem da leitura e escrita.
Inúmeras pesquisas têm sido desenvolvidas nesta última década para desenvolver programas brasileiros para atender crianças com deficiências motoras graves e dificuldade de comunicação. Capovilla (2001), partindo dos tabuleiros de comunicação, do sistema Bliss e PIC desenvolve programas desde 1994; Santarosa (1995) desenvolveu o simulador de teclado; Pelosi (1997), o programa “Comunique”; Borges & Watanabe (2001), o teclado amigo.
Capovilla (2001) desenvolveu sistemas computadorizados de habilitação cognitiva, comunicação pictográfica alfabetização e escrita alfabética para crianças com alterações neurosensoriais e neurolingüísticas. Esses programas permitem à criança compor mensagens, imprimi-las e fazê-las soar com voz digitalizada para comunicação direta e efetiva com os interlocutores.
Recursos para a aprendizagem de alunos com surdocegueira e deficiências múltiplas

Objetos de referência

São objetos que têm significados especiais, os quais têm a função de substituir a
palavra e, assim, podem representar pessoas, objetos, lugares, atividades ou conceitos associados a eles, segundo e Maia et al (2008).
Um boné, por exemplo, pode ser, para um aluno com surdocegueira, um objeto que antecipa a atividade de orientação e mobilidade.

Na mesa do aluno, estão os objetos de referência que representam e antecipam as atividades do dia: boné (orientação e mobilidade), xícara [hora do lanche], creme e escova para sensibilização (estimulação tátil) e escova e pasta de dente (hora da higiene bucal) e bola de plástico (hora da recreação) fonte Ahimsa-2003


Caixas de antecipação
As caixas de antecipação devem ser utilizadas com crianças que ainda não têm nenhum sistema formal de comunicação. Ela permite conhecer os primeiros objetos de referência que anteciparão as atividades e o conhecimento das primeiras palavras.

Calendário de antecipação
Um dos motivos de usar o calendário de antecipação é o de criar uma associação entre uma atividade e um objeto e particular. Ele proporciona ao aluno e professor temas mutuamente entendidos para estabelecer conversas pré-linguísticas.

Calendário tipo varal confeccionado para um aluno com deficiência múltipla: baixa visão e deficiência neuromotora.

Sistema de Calendário confeccionado com caixas de sapatos encapadas com contact, uma caixa com amarelo e listas azuis e flores coloridas e a outra vermelha com lista cruzadas em azul. Ele foi confeccionado para favorecer a atenção visual e sequência das atividades. Fonte Ahimsa 1998



REFERÊNCIAS

  •          BOSCO, Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência Múltipla (2010).


ROWLAND Charity e SCHWEIGERT Philip - Soluções Tangíveis para Indivíduos Com Deficiência Múltipla e ou com Surdocegueira. Apostila In mimeo. Tradução Acess. Revisão: Shirley R. Maia - 2013.
  • Livro: BLAHA, Robbie. Calendários - Para Alunos com múltiplas deficiências Incluindo surdocegueira. Escola Texas para Cegos e com Baixa Visão – 2003. Tradução em 2005 – Projeto Horizonte. Tradução: Márcia Maurilio Souza. Revisão: Shirley Rodrigues Maia e Lília Giacomini.

  • Livro: BRENNAN, Vickie, PECK, Flo, LOLLI, Dennis. Sugestões para modificação do Ambiente em Casa e na Escola - Um manual para pais e professores de crianças com surdocegueira. Tradução José Carlos Morais (2004). Revisão e Adaptação para o português do Brasil: Shirley Rodrigues Maia  e Lília Giacomini.


  •          OLSON, M. R, GELHAUS M.M. Utilizando Cor e Contraste para modificar o ambiente educacional de alunos com deficiência visual e múltipla deficiência.

3 comentários:

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