Curso
de Especialização lato-sensu de
Formação
de Professores para o Atendimento Educacional Especializado – AEE
Disciplina:
AEE – Pessoa com Surdez
Cursista:
Maria Lima de Souza
A
Educação Escolar de Pessoas com Surdez
A
educação escolar de alunos com surdez é um assunto que tem gerado muitas
discussões e reflexões há aproximadamente dois séculos. Segundo Damázio muitos
dos debates a esse respeito foram em torno de três tendências: oralismo,
comunicação total e bilinguismo; responsabilizando o sucesso ou o fracasso
escolar desses alunos a adoção de uma ou outra concepção com suas praticas
pedagógicas. Durante esse período de discussões muitos dos alunos com surdez
ficaram renegados o direito de ter oportunidades para desenvolver suas
habilidades como qualquer ser humano inteligente e cheio de potencial.
A pedagoga, e pesquisadora Mirlene Ferreira
Macedo Damazio, declara o seguinte para essas tendências citadas:
O oralismo visa
à capacitação da pessoa com surdez para que possa utilizar a língua da comunidade
ouvinte na modalidade oral, como única possibilidade linguística, de modo que
seja possível o uso da voz e da leitura labial, tanto na vida social, como na
escola.
A
comunicação total considera as características da pessoa com surdez utilizando
todo e qualquer recurso possível para a comunicação, a fim de potencializar as
interações sociais, considerando as áreas cognitivas, linguísticas e afetivas
dos alunos. Os resultados obtidos com a comunicação total são questionáveis
quando observamos as pessoas com surdez frente aos desafios da vida cotidiana.
A linguagem gestual visual, os textos orais, os textos escritos e as interações
sociais que caracterizam a comunicação total parecem não possibilitar um desenvolvimento
satisfatório e esses alunos continuam segregados, permanecendo agrupados pela
deficiência, marginalizados, excluídos do contexto maior da sociedade.
A
abordagem educacional por meio do bilinguismo visa capacitar a pessoa com
surdez para a utilização de duas línguas no cotidiano escolar e na vida social,
quais sejam: a Língua de Sinais e a língua da comunidade ouvinte.
Observando as declarações da
autora podemos constatar que a melhor das tendências á a que se refere ao
bilinguismo, pois, não agride nem a surdos nem a ouvintes dá o devido respeito
a cada um e ambos se complementam.
Segundo
o Decreto 5.626, de 5 de dezembro de 2005, as pessoas com surdez tem direito a
uma educação que garanta a sua formação em LIBRAS e em Língua Portuguesa,
preferencialmente na modalidade escrita, constituam linguagem de instrução, e
que o acesso ás duas línguas ocorra de forma simultânea no
âmbito escolar, colaborando para o desenvolvimento de todo processo educativo.
Para ajudar aos alunos com necessidades especiais nas escolas comuns a
desenvolver seu potencial, suas habilidades, nada melhor que o AEE. Que segundo
Damázio: O AEE PS, na perspectiva inclusiva, estabelece como ponto de partida a
compreensão e o reconhecimento do potencial e das capacidades desse ser humano,
vislumbrando o seu pleno desenvolvimento e aprendizagem. Conforme a autora o, trabalho
pedagógico com os alunos com surdez nas escolas comuns deve ser desenvolvido em
um ambiente bilíngue, destacam-se três momentos didático-pedagógicos no AEE: Atendimento
Educacional Especializado EM LIBRAS; Atendimento
Educacional Especializado para o ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA e Atendimento
Educacional Especializado para o ensino DE LIBRAS. Para cada um desses
atendimentos a autora diz o seguinte:
AEE em
Libras ocorre diariamente, em horário contrário aos das sala de aula comum.
Nesse atendimento, o professor acompanha o plano de conteúdo oficial da escola
de acordo com a série ou ciclo que o aluno está cursando. A organização
didática do espaço de ensino é rica em imagens visuais e de todos tipos de
referências que possam colaborar com o aprendizado dos conteúdos curriculares.
Os professores utilizam imagens visuais e, quando o conceito é muito abstrato,
recorrem a outros recursos, como o teatro, por exemplo. Os materiais e os
recursos para esse fim precisam estar sempre presentes e expostos no ambiente
da sala. Os conteúdos curriculares em Libras devem ser ministrados
antecipadamente ao trabalhado da sala de aula comum, garantindo uma melhor
associação dos conceitos nas duas línguas.
Acreditamos
no ensino de português como produtivo para as pessoas com surdez, numa
perspectiva inclusiva, e concebendo língua e linguagem como processo de
interação e uso nas práticas sociais. Por isso, defendemos que o espaço escolar
constitui-se como o lugar-base onde podem inserir-se as pessoas com surdez para
aquisição e desenvolvimento da modalidade de língua portuguesa escrita em suas
várias formas e adequação do uso, sobretudo por essa língua ser conteúdo do
ensino regular, das séries/ciclos iniciais ao ensino superior, e por ser
direito dos cidadãos com surdez constituírem-se como sujeitos letrados numa
segunda língua, em seus vários níveis de desenvolvimento.
As
aulas AEE para o ensino do PE são preparadas segundo o desenvolvimento e
aprendizagem do aluno com surdez. O professor do AEE diagnostica e analisa o
estágio de todo o desenvolvimento do aluno, em relação à Língua Portuguesa
-leitura e escrita- procurando
compreender em qual estágio esse aluno se encontra, no domínio da língua.
E a língua
portuguesa escrita pode ser um dos eficazes instrumentos para sua constituição
como sujeito/cidadão, visto que nela se concentra o poder discursivo de
expressão formal de sentidos, com ela é possível estabelecer as interações
verbais entre o eu e o outro e dela se apropriam todos os que buscam e produzem
conhecimentos científicos, os saberes e os bens culturais a que demos direito
de acesso.
O AEE
para o ensino de PE, o profissional precisa conhecer muito bem a organização e
a estrutura dessa língua, bem como, as metodologias de ensino apropriadas; o uso
de recursos escritos são vitais para a compreensão do PE, seguidos de uma
exploração contextual do conteúdo em estudo; o AEE para o ensino de PE,
diariamente, assegura o respeito aos limites dessas pessoas na aquisição dessa
língua; para a aquisição de PE, é preciso que o professor estimule,
permanentemente, o aluno, provocando-o a enfrentar esse desafio, considerado
por eles como muito difícil; o
atendimento em Língua Portuguesa escrita é de extrema importância para o
desenvolvimento e a aprendizagem do aluno com surdez nessa língua e na sala
comum; a avaliação do desenvolvimento do PE deve ocorrer continuamente, para
assegurar que se conheçam os avanços do aluno e redefinir o planejamento, em
caso contrário.
O
atendimento para a aprendizagem de Libras enriquece a aprendizagem dos alunos
com surdez; esse atendimento exige uma organização metodológica e didática e
especializada; o professor que ministra aulas de Libras deve ser qualificado
para realizar o atendimento das exigências básicas do ensino, não praticar o
bimodalismo, ou seja, misturar a Libras e a Língua Portuguesa, que são duas
línguas de estruturas linguísticas diferentes; o professor com surdez, para o
ensino de Libras, oferece aos alunos com surdez melhores possibilidades do que
o professor ouvinte, porque o contato com crianças e jovens surdos com adultos
surdos favorece a naturalidade no processo
de aquisição da língua; a avaliação processual do aprendizado por meio de
Libras é importante para que se verifiquem, pontualmente, o desenvolvimento e a
aprendizagem dessa língua pelo aluno com surdez; a qualidade dos recursos
visuais é primordial para facilitar a compreensão do conteúdo de libras; a
organização do ambiente de aprendizagem e as explicações do professor de Libras
propiciam uma compreensão do contexto da língua; o atendimento educacional
especializado de Libras oferece ao aluno com surdez segurança e motivação,
sendo, portanto, de extrema importância para a inclusão.
Acredito que com a prática
destes três atendimentos nas escolas, obedecendo aos padrões definidos pela
autora, acontecerá verdadeiramente a inclusão de alunos com surdes, pois estes
educandos terão uma melhor oportunidade de desenvolver suas potencialidades
visto que terão profissionais qualificados usando práticas adequadas e um
ambiente educacional estimulador, fazendo com que o aluno supere seus limites e
mostre para a sociedade que é capaz assim como qualquer ser humano dotado de
potencial.
Referência
DAMÁZIO,
M. F. M.; FERREIRA, J. Educação Escolar de Pessoas com Surdez-Atendimento
Educacional Especializado em Construção. Revista Inclusão: Brasília: MEC, V.5,
2010. p.46-57.